Capítulo 2
— Capítulo 2 —
Manda murmurou bruscamente enquanto olhava para Shoto, um tanto agitado, carrancudo.
“Qual é o problema com você hoje…”
“Eu peguei com os caras do esconderijo, você sabe que eu sempre vou lá depois da escola, qual é o seu problema?”
Shoto suspirou, olhando lamentavelmente para o Manda sem dizer uma palavra.
Manda bufou em resposta à sua observação adicional.
“Ah, entendi o que é…”
“Você não gosta desse estilo de vida agora?”
“Você mudou, desde que começou a frequentar aquela escola esnobe .”
As pálpebras de Shoto caíram e tremeram enquanto ele agarrava firmemente o maço de cigarros em suas mãos. Sussurrando, alto o suficiente para o Manda ouvir, ele murmurou.
“Yasei-ji… você é uma criança… nós somos apenas crianças… “
“Eu sei… pode não acreditar, mas nós somos…”
“Aprendi isso vendo todos ao meu redor na escola, os vendo com suas famílias normais…”
Os olhos de Manda gradualmente se arregalaram enquanto os semáforos na frente deles piscavam incessantemente. Seus olhos se estreitaram quando ele discordou.
“Não somos como aquelas crianças, você sabe disso… “
“Você não pode ver nossas vidas através dos olhos deles.”
“Não é assim que o mundo funciona, todo mundo nasce em famílias diferentes com pais diferentes… nós apenas temos que viver com o que temos… “
Manda assobiou e cerrou a palma da mão em um punho e continuou seu discurso.
“Somos parte da Yakuza por direito de primogenitura. Não podemos escolher nossos caminhos… Não vamos contra a vontade do pai, e não o desobedecemos, não vamos contra a gangue, não vamos contra as regras da família e não desprezamos o nosso estilo de vida…”
Os olhos de Manda se estreitaram quando ele exclamou para o Shoto .
“Você sabe disso… é assim que é, irmão mais velho.”
Shoto desviou o olhar para Manda, falando enquanto uma luz iluminava seus olhos.
“E se… e se pudéssemos escolher nossos próprios caminhos?”
“E se não tivéssemos que fazer parte da Yakuza?”
“Não seria emocionante…?”
Enquanto prosseguia, ele colocou a mão direita no ombro de Manda, um pequeno sorriso no rosto, emanando uma leve sensação de otimismo.
“Há muito mais na vida do que viver nas sombras.”
“Quero estar na luz, ter uma diversidade de experiências… Queria poder ser eu mesmo…”
Shoto e Manda trocaram olhares enquanto ele começava a reclamar com seu irmão mais novo assustado.
“Quero viver… quero fazer minhas próprias escolhas sem pedir… só quero ser livre… quero ser feliz.”
Os olhos de Manda tremiam enquanto ele falava, destruindo cada noção que Shoto tinha.
“Acorde para a vida…”
“Isso é apenas um sonho.”
“Um sonho, nada mais.”
O sorriso de Shoto desapareceu instantaneamente quando tudo ficou escuro novamente, seus olhos perdendo a vida quando ele chegou ao entendimento, concordando gentilmente.
“Ah sim..”
“É né? Nada além de um sonho inútil.”
A mão de Shoto foi retirada do ombro de Manda quando ele sentiu a mão de Manda segurando a dele, informando em um tom preocupado.
“Certifique-se de não dizer nada assim ao pai.”
“Você sabe o que vai acontecer se você desobedecê-lo… você mora na casa principal, então você o conhece ainda mais do que eu, irmão mais velho.”
Os olhos de Shoto tremem enquanto o terror toma conta de cada osso de seu corpo, obrigando-o a segurar a mão de Manda firmemente em um aperto reconfortante enquanto ele o tranquiliza.
“Eu não vou… foi apenas um pensamento… nada mais…”
“Eu não sou tão estúpido.”
As pálpebras de Shoto caíram ligeiramente com tristeza quando ele agarrou a alça de sua mochila por cima do ombro e exclamou.
“Preciso chegar em casa antes das 21h… ou eu vou ter problemas… “
“Não vamos perder mais tempo aqui… “
Manda deu um pequeno aceno de cabeça enquanto perguntava cinicamente.
“Tudo bem, posso pegar meu maço de cigarros de volta?”
Shoto caminhou à frente enquanto discordava instantaneamente.
“De jeito nenhum.”
________________________________________________________________________
Quando Shoto se aproximou do portão da frente da casa principal, viu oito subordinados guardando a casa como normalmente fazem. O portão era enorme, com o interior forrado a ouro e a base preta. Enquanto falava com Manda, Shoto suspirou.
“Bem, estou indo, diga a todos na segunda casa que eu disse olá.”
Manda deu um modesto aceno de cabeça enquanto seguia pela rua, acenando para Shoto que estava atrás dele, proferindo.
“Até mais.”
Shoto ficou do lado de fora por um tempo com os dedos tremendo, ele se encostou levemente na parede de tijolos, com as palmas das mãos no rosto, suspirou e murmurou.
“Não quero entrar…”
“Estou com medo… não sei de que lado dele vou ficar esta noite…”
O portão rangeu ligeiramente quando se abriu, e um homem magro emergiu, trancando o portão atrás de si enquanto tirava um cigarro do bolso e o acendia, colocando o cigarro entre os lábios e inalando e exalando suavemente. Ele inclinou a cabeça para o lado, observando o Shoto acariciando seu próprio rosto.
“Oi”
Shoto gentilmente removeu a cabeça da palma da mão, seus olhos se arregalando levemente enquanto suas bochechas coravam, ele ficou de pé enquanto disse fracamente em leve descrença.
“Kagayaku…”
Kagayaku soprou a fumaça de seus lábios enquanto levantava a mão livre em saudação.
“Querido.”
Os olhos de Shoto se arregalaram quando ele correu em direção ao cara bem vestido em couro completo. Ele não perdeu tempo pulando sobre Kagayaku, fazendo com que o homem tropeçasse levemente enquanto segurava Shoto com firmeza. A respiração de Shoto tremeu enquanto seus olhos lacrimejavam e ele gritou.
“Yaku…”
“Yaku-san…! “
Yaku abraçou Shoto com força ao sentir o jovem apoiar a cabeça em seu pescoço.
Shoto abraçou o pescoço de Yaku enquanto ele soluçava levemente e exclamou.
“O-o que você está fazendo aqui?”
“Quando você voltou para Tóquio…?”
O cara riu baixinho quando deixou cair o cigarro no cascalho, colocando os pés contra ele enquanto acariciava levemente as costas de Shoto, dirigindo-se a ele gentilmente.
“Eu vim para te ver. Terminei minhas obrigações em Osaka.”
“Finalmente.”
Shoto inalou o aroma de Yaku enquanto sua ansiedade se acalmava, seu rosto se iluminava com um pequeno sorriso enquanto ele murmurava no ouvido do cara.
“Senti sua falta…”
Yaku sorriu levemente enquanto apertava o rapaz ainda mais perto, gradualmente baixando aos poucos o Shoto para evitar chamar a atenção, avisando.
“Você deve ter sentido muito a minha falta, nunca recebi esse tipo de boas-vindas de você antes.”
Shoto olhou para Yaku, seu rosto confuso enquanto acariciava suas mãos, respondendo com uma leve gagueira.
“E-Eu… pensei que você não ia voltar…”
Yaku se inclinou para frente enquanto sorria, provocando o Shoto antes de insistir.
“Não… terminei cedo, só para te ver.”
“Então, o quanto você sentiu minha falta?”
O rosto de Shoto corou quando ele desviou o olhar, fazendo beicinho seguido por uma resposta.
“Não vou responder a isso.”
Shoto zombou enquanto murmurava baixinho.
“Idiota do caralho…”
Yaku riu, inclinando-se ligeiramente para frente e sussurrou no ouvido de Shoto.
“Vamos para algum lugar um pouco privado, longe de todos, preciso falar com você.”
“E que tal a minha casa?”
Shoto resmungou enquanto passava a mão pelo cabelo, logo depois de enfiar as mãos nos bolsos do uniforme escolar, informando.
“Eu não posso… hoje, eu nem deveria estar aqui fora agora.”
“Já passou do meu toque de recolher… você está tentando me matar?”
Yaku envolveu o pescoço de Shoto com o braço enquanto ficava ao lado dele, olhando para baixo e exclamando.
“Direi ao chefe que você estava comigo. Você sabe que é uma ou duas horas extras.
Shoto olhou para Yaku enquanto seus olhos se estreitavam, ordenando.
“Ligue para ele agora, sobre o que vocês conversaram?”
“Você disse que seu último emprego seria Osaka.”
“Você disse que depois disso, voltaria para a escola…”
Yaku zombou de Shoto, enfiando a mão no bolso e tirando o telefone, rolando a tela para baixo, a luz refletida em seus piercings iluminando seu rosto, falando com Shoto.
“Falo com você sobre isso mais tarde.”
“Você nem me beijou nem nada, não deve ter sentido minha falta-“
Os olhos de Shoto se iluminaram quando ele ficou na ponta dos pés, agarrou o rosto de Yaku antes que ele pudesse registrar, beijando-o apaixonadamente, Shoto fechou os olhos enquanto se afastava lentamente, exclamando.
“Desculpe… não estou de bom humor… “
As bochechas de Yaku coraram quando ele fixou seu olhar em Shoto na frente dele, atordoado. Ele não perdeu tempo em agarrar o rosto de Sho e pressionar seus lábios nos dele. Enquanto pequenos gemidos escapavam de seus lábios, Yaku colocou o braço em volta da cintura de Shoto, puxando o menino para mais perto de si enquanto intensificava o beijo. Shoto tentou se desvencilhar enquanto sua respiração escapava.
“Yaku- san… câmeras…”
Yaku se afastou lentamente enquanto ofegava, travando olhares com os olhos de Shoto enquanto ele sorria levemente, proferindo.
“Você realmente faria qualquer um perder a cabeça.”
Yaku zombou enquanto ria baixinho, continuando.
“Você me faz arriscar minha vida só para roubar um beijo.”
Shoto interrompeu o beijo enquanto suas bochechas coravam e suas orelhas ficavam vermelhas como um tomate. Ele foi até o lado do portão e pegou sua mochila na calçada. Ele se posicionou enquanto olhava para trás, colocando a alça da bolsa sobre o ombro e comandando suavemente enquanto seus olhos se franziam.
“Ligue para ele…”
Yaku se aproximou de Shoto enquanto ele estava na frente dele, rapidamente pegando a bolsa de seus ombros e levando-a para ele como ele sugeriu.
“Nah, é tarde, vamos conversar dentro do seu quarto.”
“Tenho certeza que o chefe vai me deixar entrar lá.”
“Eu não notei sua mochila, treinou hoje?”
Yaku continuou agarrando o queixo de Shoto e forçando-o a olhar para ele.
“Você deve estar cansado, não faria sentido.”
Shoto franziu a testa enquanto bufava, resmungando baixinho.
“Se ele estiver de bom humor…”
Continua…
Nota: Sim, Goro não era o único garoto que o Shoto gostava nessa época. Aqui não se fala a idade exata do Yaku, mas podemos entender que ele também é adolescente e que saiu da escola para fazer trabalhos para a gangue em Osaka.
Tradução: Alê