Capítulo 9
O café estava perto o suficiente para ir a pé. Depois de estacionar o carro e chegar à loja, os dois hesitaram enquanto olhavam os bolos expostos. Bem, era mais preciso dizer que Wooyeon hesitou sozinho.
“…”
De chocolate, morango e queijo a um bolo deslumbrante com ingredientes desconhecidos, os olhos brilhantes de Wooyeon examinaram toda a vitrine. Embora ele se sentisse inseguro sobre esta loja não verificada, a visão era tão rara que ele não pôde deixar de se sentir cativado.
“Apenas um…”
“Você pode escolher o que quiser comer.”
Mesmo com as palavras que soavam como um salvador, Wooyeon não conseguia se sentir feliz. Por algum motivo, ele parecia um pouco abatido.
“Se eu comer tudo, vou engordar.”
Durante o ensino médio, o culpado por ele se juntar às fileiras da obesidade não era outro senão essas malditas sobremesas. Naquela idade, ele não podia beber álcool nem fumar, então a única maneira de aliviar o estresse era através de ‘comida doce.’ Naturalmente, o resultado disso foi ganhar peso. Seu peso, que aumentava gradualmente, atingiu o pico quando ele completou dezesseis anos.
“Engordar?”
Dohyun olhou para Wooyeon com uma expressão perplexa. Embora ele tivesse um rosto que parecia ouvir tudo, Wooyeon, que estava absorto encarando o bolo, na verdade não ouviu. Seu rosto, pequeno o suficiente para ser coberto com uma mão, parecia mais sério do que nunca.
“Então escolha três. Podemos compartilhá-los.”
À sugestão casual de Dohyun, o rosto de Wooyeon se iluminou. Ele estava pensando que dois bolos eram demais, mas se os dois comessem três, seriam 1,5 cada. Isso parecia uma quantidade razoavelmente consciente.
“Posso escolher todos os três?”
Wooyeon olhou fixamente para Dohyun sem perceber o quão desesperado ele parecia. Dohyun, que ouviu tudo sem mostrar no rosto, explodiu em risadas ao ver Wooyeon, que olhava ansiosamente para os bolos.
“Você pode até comer quatro, se quiser.”
Seus olhos levemente curvados eram gentis. A maneira como ele segurava a mão e cobria a boca parecia embaraçosamente engraçada. Wooyeon arregalou os olhos e apontou para a vitrine, gesticulando para este e aquele. Mesmo com aquela ordem ambígua de “aquele, aquele e aquele”, Dohyun entendeu perfeitamente, como se fosse sua segunda natureza.
O café tinha uma estrutura em que você escolhia os bolos no primeiro andar e subia para o segundo andar para comer. Eles esperaram que as bebidas e os bolos fossem servidos e encontraram um canto no segundo andar. As amplas janelas em todos os lados faziam até o canto parecer não muito apertado.
“Bon appétit.”
Wooyeon atacou alegremente o bolo com um pequeno garfo. Ele hesitou por um momento ao tocar o morango no topo do chantilly, mas quando Dohyun não disse nada, Wooyeon prontamente pegou e comeu. Dohyun também ofereceu a Wooyeon os chocolates decorados e as cerejas de outros bolos sem dizer uma palavra.
“Você come isso melhor do que uma refeição.”
Sua voz expressava genuíno espanto. Dohyun, com a ponta do canudo na boca, empurrou os bolos em direção a Wooyeon. O cheesecake com migalhas de biscoito e o crepe de chocolate rico pareciam tão doces que apenas olhar para eles poderia fazer sua língua derreter.
“Não é muito doce?”
“É doce.”
Wooyeon respondeu com um sorriso brilhante e pegou a bebida para um gole. Para alguém que afirmava que era doce, a bebida que ele comprou era uma limonada adoçada. Ele explicou que gosta de beber coisas doces com um crepe doce habilmente enrolado.
“Você não vai comer?”
“Estou comendo.”
Era mentira. Olhando de perto, ele tinha dado apenas uma pequena mordida e imediatamente colocou o garfo de lado. Apesar de observá-lo cuidadosamente, era claro que ele só estava bebendo café (sem xarope) desde antes.
“Devo comprar outro?”
“Não, isso é o suficiente.”
“E quanto ao chocolate?”
“…”
Wooyeon piscou reflexivamente. O chocolate não era o auge do doce para ele? Mesmo que ele estivesse se deliciando com bolos e guloseimas doces, a ideia de outro doce (chocolate) cruzou sua mente. Não tinham se passado nem 30 minutos desde que ele mencionou que não queria ganhar peso, mas sua força de vontade vacilou como uma fita esvoaçante.
“Eles vendem chocolates artesanais aqui. Um cara como você, que não come coisas baratas, certamente vai gostar.”
“Era uma piada.”
“Eu vou fingir que foi.”
Dohyun, que respondeu levemente, levantou-se do assento. Ele remexeu no casaco, tirou a carteira e depois desceu após dizer a Wooyeon para continuar comendo. Observando Dohyun se afastar, Wooyeon baixou o garfo ligeiramente.
“…Por que você está sendo tão gentil comigo?”
Pensando bem, Dohyun já havia comprado chocolates para ele antes. Foi na época das provas finais. Quando ele se gabou de suas notas melhoradas em inglês, Dohyun comprou chocolates, prometendo comprar mais se ele se saísse bem no próximo exame.
‘Mas isso foi o fim disso.’
Foi um período muito curto. A estação havia mudado apenas uma vez, e não havia chovido por dez dias. Em menos de meio ano, Wooyeon se apaixonou profundamente por ele. A estranha sensação de passar um dia com o professor agora parecia estranhamente irreal.
“Por que você não está comendo?”
Dohyun voltou para o segundo andar pouco depois. Olhando para o bolo intocado, ele parecia perplexo enquanto se sentava em frente a Wooyeon e lhe oferecia os chocolates. Wooyeon sentiu vontade de chorar assim que viu os chocolates que Dohyun entregou.
“Pegue e coma.”
Estava embrulhado em uma fita branca. Dentro do pequeno saco plástico havia vários chocolates redondos, e no meio havia um adesivo com o nome do café. Sem perguntar, ele sabia quem era o ‘garoto que não come coisas baratas’.
“Eu pensei… que íamos comprá-los individualmente.”
Wooyeon murmurou enquanto mexia no saco plástico. Ocasionalmente, traços do passado e uma sensação indescritível surgiam durante seus encontros. Era acolhedor, amargo, triste e vazio. Até a sensação de farfalhar do plástico parecia estranhamente alienígena.
“Eles não vendem individualmente.”
Ele pensou que poderia esquecer. Ele acreditava que tudo ficaria bem e decidiu se contentar com esse relacionamento casual. Mas parecia que todos os seus desejos eram, em última análise, apenas arrogância.
Eu deveria agradecer. Parecia que havia um nó de pedras em sua garganta. Wooyeon controlou suas emoções sufocadas, engoliu várias vezes e conseguiu sorrir.
“Obrigado. Vou aproveitar.”
***
Os dois passaram um bom tempo no café. Trocaram conversas triviais, ele recebeu conselhos sobre a vida universitária e até aprendeu sobre clubes. Apesar de terem duas horas restantes antes da aula, foram para um arcade para se divertir.
“Ter uma pausa é realmente ótimo.”
Durante esse tempo, Wooyeon fez o melhor para não emitir feromônios. Ele abriu a janela antes de Dohyun, enquanto estava sentado no banco do passageiro e nem olhou para o assento do motorista. Apesar de sua reação visivelmente arrepiada, Dohyun, aparentemente alheio, iniciou uma conversa de forma indiferente.
“Como você planeja lidar com isso?”
De fato, como ele poderia lidar com isso? Como poderia reacender emoções que já haviam sido rejeitadas uma vez?
“Apenas… Vou tentar explicar isso aos professores o máximo possível.”
Com apenas um chocolate, ele sentiu como se tivesse voltado no tempo. As emoções que ele sentiu naquela época ressurgiram vividamente em seu peito. Wooyeon gostava do professor, se apaixonava por esses gestos, recebia conforto e se machucava tanto quanto recebia conforto. No entanto, lá estavam eles, sentados lado a lado no mesmo carro.
“Como há aulas na segunda-feira, talvez eu deva procurá-los então. Se não der certo….”
“Desistir?”
“Eu quero.”
Wooyeon suspirou tristemente. Enquanto enterrava o rosto nas mãos e curvava os ombros, sentiu um olhar sobre si. Se soubesse, teria apenas estudado nos Estados Unidos, seguindo o conselho de Daniel. Agora, ele se arrependia de não ter ouvido as palavras de Daniel.
“Hum…”
Dohyun falou de forma fina e parou o carro em frente a um cruzamento. O semáforo logo ficou vermelho com um som de bip. Dohyun virou a cabeça ligeiramente, apoiando o pulso no volante.
“Posso te ajudar um pouco.”
“Como?”
Wooyeon perguntou sem muita expectativa. Ele não achava que um simples estudante do terceiro ano, nem mesmo um assistente de ensino, poderia ser de ajuda. No entanto, enquanto ele trocava de marcha, Dohyun disse casualmente,
“Sou amigo de alguns professores.”
Certamente, aquele assistente de ensino havia dito algo semelhante. Dohyun, estando no topo de sua turma, seria útil nos exames. Lembrando-se desse fato, Wooyeon arregalou os olhos e olhou para Dohyun,
“Mesmo que eu não possa ajudar diretamente, posso pelo menos acompanhar você pedindo.”
“…”
“Bem… mas não posso garantir que será eficaz.”
Seus lábios se curvaram ligeiramente. Suas pálpebras duplas piscavam. Em vez de uma resposta imediata, Wooyeon, com uma voz inquieta, confirmou,
“Você está fazendo isso por causa do que aconteceu antes?”
“O que aconteceu?”
“Na sala do clube.”
“Ah……”, Dohyun respondeu com um tom calmo.
“Isso é algo que Moon Garam vai lidar, não eu.”
Foi uma resposta firme. Wooyeon, que brevemente perdeu as palavras, levantou o assunto que havia inicialmente pretendido discutir.
“Pensei que você estava tentando ajudá-la.”
“Por que eu faria isso?”
Ele se sentiu um pouco aliviado. Se Dohyun tivesse mencionado o incidente anterior, ele se sentiria mais desconfortável. Era uma sorte não ter que ser lembrado mais uma vez de que Dohyun também era um Alfa.
“…Você pode me ajudar a ajustar meu horário?”
Com a sensação de se agarrar a um último recurso, Wooyeon fez o pedido. Deixando de lado o desconforto, ele precisava encontrar uma maneira de frequentar a universidade de alguma forma. Para alcançar o que Wooyeon queria, ele tinha que completar quatro anos com sucesso.
“Vou te pagar uma refeição… Nada barato.”
“Nada barato?”
Dohyun riu descuidadamente e girou o volante. À distância, o destino, o portão da escola, apareceu à vista.
“Venha para a sala do clube depois das suas aulas na segunda-feira. Estarei lá de manhã, então, se você tiver aula de manhã, apenas falte e venha.”
Wooyeon, acenando com a cabeça, pegou seu telefone. Eram 16:40. Graças a Dohyun, o vasto intervalo entre as aulas passou num piscar de olhos.
“Quando… é sua próxima aula, sunbae?”
Só agora Wooyeon se preocupou com a outra aula de Dohyun. Já se passaram cinco horas desde que a aula da manhã terminou, e Dohyun nunca mencionou ir para outra aula.
“Eu?”
Essa aula também poderia coincidir? Dohyun sorriu suavemente para Wooyeon, que estava entretendo o pensamento sem nenhuma esperança.
“É na quarta-feira, às 11.”
“Sério?”
O carro passou pelo portão principal e se dirigiu ao prédio de Humanidades. Sem perguntar onde deixá-lo, Dohyun se dirigiu ao prédio que Wooyeon precisava ir.
“Eu tenho algum tempo livre à tarde. Tentei ter uma folga de dois dias agendando tudo na terça e na quinta, mas só tenho uma aula online na terça-feira.”
O carro parou em silêncio. Wooyeon olhou para Dohyun com uma expressão boba. Com um baque, Dohyun abriu a porta do carro e até desatou o cinto de segurança de Wooyeon.
“Até segunda-feira.”
Wooyeon saiu do carro sem proferir uma palavra. O carro, partindo sem qualquer vestígio de sentimentos persistentes, gradualmente desapareceu de sua vista. Foi uma partida lenta, reminiscente do final do inverno, partindo com um ritmo suave.
-continua